Com os avanços acelerados da inteligência artificial, muitas das certezas sobre empregabilidade estão sendo questionadas, em especial para as novas gerações de profissionais, que podem ter suas áreas ameaçadas pela tecnologia.
Na Argentina, onde 2,7 milhões de estudantes frequentam universidades (sendo 2 milhões em instituições públicas), cursos de tecnologia como Análise de Sistemas, Engenharia Informática e Eletrônica lideram as preferências. Mas especialistas alertam: as profissões do futuro vão exigir muito mais do que habilidades técnicas.
Em entrevista ao La Nación, Sergio Pernice, diretor de Engenharia em Inteligência Artificial da Ucema, explicou que o conceito de profissão está se transformando: “É uma visão mais dinâmica, adaptativa e realista para um mundo onde o conhecimento técnico já não é exclusivo dos humanos, mas no qual a criatividade humana encontrará maneiras de agregar valor genuíno, levando em conta o que a IA faz melhor”.
Santiago Bellomo, decano da Escola de Educação da Universidade Austral, disse ainda que cursos focados apenas em procedimentos técnicos padronizados estão fadados à obsolescência. O diferencial humano estará na capacidade de relacionamento, pensamento crítico e interação com o mundo físico – habilidades que a IA ainda não consegue replicar.
Quando questionadas sobre quais carreiras enfrentam maiores desafios, as IAs ChatGPT e Gemini (do Google) foram categóricas:
1. Contabilidade tradicional – Softwares avançados já automatizam cálculos fiscais, auditorias e análises financeiras. A Morgan Stanley recentemente anunciou corte de 2 mil postos, muitos deles devido à automação.
2. Tradução básica – Ferramentas como DeepL e Google Tradutor alcançaram precisão impressionante, reduzindo demanda por serviços genéricos. Traduções especializadas (jurídicas, médicas) ainda têm valor.
3. Jornalismo tradicional – A geração automática de conteúdos padrão (financeiros, esportivos) está cada vez mais acessível.
IA já ameaça profissões como contabilidade e jornalismo. Foto: reprodução
“É hora de sair para a rua, voltar a contar a verdade com presença real, recuperar o vínculo direto com as comunidades e usar a tecnologia como uma ferramenta para potencializar essa missão”, defendeu Álvaro Liuzzi, especialista em mídia.
O Gemini ainda incluiu Administração de Empresas e Direito em sua lista, destacando que tarefas como análise de documentos legais já começam a ser automatizadas na Procuradoria de Buenos Aires.
Apesar dos avanços da IA, os especialistas concordaram que características tipicamente humanas seguirão sendo diferenciais:
– Análise crítica e contextualizada
– Criatividade para soluções inovadoras
– Inteligência emocional e habilidades sociais
– Capacidade de trabalho de campo e investigação
Como concluiu Pernice, o profissional do futuro não será aquele que competir com a IA, mas que souber usá-la para potencializar suas habilidades exclusivamente humanas.
Diário do Centro do Mundo